9 de jun. de 2012

O nosso ensino médio, não é sequer “médio”, é ruim

Artigo de Jacir Venturi, postado no site do SINEPE/RS em 8 de junho de 2012

Ano a ano, estamos enxugando gelo. Mais e mais gelo, quando nos reportamos ao Ensino Médio, que ostenta a taça de chumbo no espectro das mazelas da educação brasileira. Na faixa etária de 15 a 17 anos, apenas 47,7% mantêm adequada a relação idade/série e 1,9 milhão desses jovens abandonam a escola em cada período letivo.Com fulcro em dados divulgados pelo MEC na semana passada, o índice de reprovação em 2011 atingiu 13,1% − o dobro do percentual de doze anos atrás. No Paraná, o contingente de reprovados cresceu de 11,5% para 12,6% de 2008 para 2011.É um quadro-negro.

Qualquer indústria estaria em estado falimentar com tão elevado percentual de descarte. O colégio deve ser mais atraente, ou, de acordo com a pesquisa, o principal motivo de abandono e reprovação é que a “escola é chata”. O conteúdo é por demais clássico, acadêmico – sem se importar com os diversos tipos de inteligência e potencialidades do aluno.

Em todo o ranking comparativo com outros países, sempre pontuamos entre os últimos no quesito desempenho escolar. Para reverter esse quadro, o primeiro passo – e único que não exige dispêndios financeiros – é reduzir o conteúdo da atual grade curricular do Ensino Médio. Há poucas “quase unanimidades” entre os educadores e, e esta é uma delas. Amiúde, debatemos com os professores das diversas disciplinas, e para a maioria há sobrecarga de conteúdos. Dessa rica convivência, ou fruto das visitas a outras escolas do Brasil ou exterior, ou das nossas leituras , é com convicção que afirmamos: por decorrência dos vestibulares, o nosso Ensino Médio necessita de uma assepsia, cujos vermes são os excessos da grade curricular.

É a hora e a vez de um bom discernimento para enxugar o programa do Ensino Médio. Destarte, alargaremos os horizontes e estaremos dando um primeiro passo em direção aos países com boa estrutura educacional. Que não pairem dúvidas, porém, quanto à obrigação primeira da escola: ministrar um bom ensino curricular, preparando o aluno para os concursos e a vida profissional. Reduzir o programa em 20% a 30% não implica em abaixamento no nível de aprendizagem, pois constituem penduricalhos desnecessários.

Uma vez implementada a redução e um melhor detalhamento dos conteúdos, há espaço e tempo para o início de um ciclo virtuoso: ofertar aos alunos ensinamentos mais atraentes e edificantes. Exemplos? Oficinas (parte delas optativas) de Artes, Filosofia, Sociologia, empreendedorismo, leituras, educação ambiental e financeira, informática, valores, cidadania, etc. A atual geração dos jovens valoriza o lúdico, a multimídia, as práticas experimentais, a vivência dos fenômenos naturais e humanos, o diálogo entre as diversas disciplinas. Isto posto, estaremos mais próximos das palavras simples e plenamente inteligíveis do epistemologista suíço Jean Piaget: “Só se aprende o que tem sentido, o que é prazeroso”. Seria cômico se não fosse trágico: o nosso antigo 2º grau não é “médio”, é ruim. Com as exceções reconhecidas pelas famílias.

*Jacir J. Venturi, vice-presidente do Sinepe/PR, foi diretor de escola e professor do Ensino Fundamental e Médio, de pré-vestibulares, da UFPR e PUCPR.

7 de jun. de 2012

Federais paradas

No PSDB na Câmara de 6 de junho, o Dep. Mendes Thame afirma que greve das universidades é resultado de inércia da gestão petista
Dep. Mendes Thame
(PSDB/SP)

Durante pronunciamento nesta quarta-feira (6), o deputadoAntonio Carlos Mendes Thame (SP) afirmou que a greve das universidades federais é resultado da ineficiente gestão petista, que começa com o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. A paralisação atinge 80% das universidades federais e já dura mais de 20 dias. Estima-se que mais de um milhão de alunos estejam sem aulas.

Segundo o tucano, a educação de nível superior tem sido um exemplo de desleixo continuado do governo. “As instituições federais de ensino superior estão em greve desde 17 de maio. Há quase um mês a greve persiste”, lamentou. De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), 41 delas estão paradas.

Para Mendes Thame, a inércia e a lentidão do governo foram fatores determinantes da involução do ensino superior no país. “São reivindicações relacionadas às condições de trabalho e de infraestrutura, reestruturação de um plano de carreira, incorporação de gratificações, vantagens relativas à titulação e ao regime de trabalho e um salário mínimo de R$ 2,3 mil referente a 20 horas semanais. Não estão pedindo nada excepcional”, ressaltou.

No entanto, recebem do MEC a resposta de que se trata de uma greve sem cabimento e precipitada, segundo informou o deputado. Ele classificou a afirmação de “vergonhosa”. “Além de condenar a greve dos professores e considerar o movimento precipitado, o governo ainda manda uma medida provisória que nem repõe a inflação, um aumento de 4%, e com a incorporação das gratificações somente a partir do ano que vem”, disse.

Por fim, o parlamentar questionou: “Como podemos admitir que o Brasil possa vir a ter uma educação de qualidade nas universidades, que consiga aliar docência e pesquisa com professores que recebem salários desestimulantes, que acabam inibindo a permanência desses docentes na rede pública?”.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

Haja incompetência

No PSDB na Câmara de 6 de junho, o PSDB nacional critica herança maldita de Haddad na Educação e se solidariza com universitários

Em nota à imprensa, o PSDB critica a herança maldita deixada por Fernando Haddad no MEC. “Nos últimos anos, o que vimos na Educação Federal foi muita ação de marketing e pouquíssima ação concreta”, diz trecho do documento assinado pelo presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE). A legenda cita não somente a greve que atinge 80% das universidades federais e prejudica mais de 1 milhão de alunos, mas também as falhas no Enem, as deficiências estruturais das “novas” faculdades e os baixos salários dos docentes. “O PSDB se solidariza à luta de professores e estudantes e lamenta que a educação, o bem mais elementar de uma nação, seja tratada com tamanho desprezo pelo PT”, destaca Guerra.

Leia a íntegra do documento postado neste blog ontem, dia 6 de junho de 2012.

(Da Agência PSDB/ Foto: Wilson Dias – Agência Brasil)

6 de jun. de 2012

Nota à imprensa do Presidente Nacional do PSDB, sobre a greve nas universidades federais

Brasília - Estamos assistindo, assustados, a uma greve que atinge 80% das universidades federais e que já dura mais de 20 dias. Estima-se que mais de um milhão de alunos estejam sem aulas.

Se por um lado lamentamos a situação – sobretudo pelos prejuízos que tudo isso causa aos estudantes -, por outro precisamos dizer que ela não nos surpreende.

Nos últimos anos, o que vimos na Educação Federal foi muita ação de marketing e pouquíssima ação concreta.

Quando esteve à frente do Ministério da Educação, Fernando Haddad, do PT, já havia atrapalhado a vida de milhões de jovens que queriam chegar à universidade, em razão dos sucessivos problemas registrados na aplicação das provas do Enem. Agora, o pessoal que conseguiu entrar na universidade sente as consequências da herança maldita deixada por ele na administração das federais.

Por incrível que pareça, o planejamento do Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão da Universidades Federais) conseguiu ficar pior do que o do Enem.

Haddad só fez universidades no papel. Em Guarulhos (SP), por exemplo, inaugurou unidades sem salas de aula. Em Minas Gerais, o campus avançado da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha, criado em 2007, só tem um quinto de suas instalações construídas. Na Universidade Federal do ABC, os problemas de gestão e logística desestimularam os alunos. Só em 2009, a instituição registrou uma taxa de evasão de 42%, uma das mais altas do País.

Os professores reclamam dos baixíssimos salários. Há professores universitários na rede federal que recebem salários iniciais de 1 500 reais – menos do que é pago, por exemplo, a um docente da educação infantil, também no início de carreira, da rede municipal de São Paulo.

Pela falta de infraestrutura básica e em solidariedade aos professores, milhares de alunos também aderiram à greve.

O PSDB se solidariza à luta de professores e estudantes e lamenta que a educação, o bem mais elementar de uma nação, seja tratada com tamanho desprezo pelo PT.

Deputado Sérgio Guerra
Presidente Nacional do PSDB

1 de jun. de 2012

DIRETOR ESCOLAR DEVE AGIR COM BASE NA COMUNIDADE, DIZ EDUCADORA DOS EUA

A especialista em educação Irma Zardoya, presidente da Academia de Liderança da Cidade de Nova York (NYCLA), dos Estados Unidos, defendeu, na manhã desta segunda-feira (28), em São Paulo, que os diretores de escola devem planejar sua gestão tendo como principal base o contexto da comunidade escolar.

Em debate sobre gestão educacional promovido pela Fundação Itaú Social, Irma afirmou que cada escola tem a sua própria realidade, e um trabalho bem sucedido de gestão escolar deve levar em conta os resultados dos estudantes e o nível de apoio que o corpo docente recebe das famíílias. "Compreender o ambiente em que vivem as crianças é muito importante", disse.

A NYCLA desenvolve o Programa de Diretores Aspirantes (APP, na sigla em inglês), que oferece um curso de cerca de um ano a professores que querem atuar como diretores de escolas. Desde 2010, 423 professores passaram pela formação, que inclui em média um curso intensivo de seis semanas durante o verão (época de férias escolares) e um estágio remunerado de dez meses em uma escola, onde o aspirante a diretor trabalha orientado por um diretor aposentado, que atua como uma espécie de tutor.
O custo do projeto, segundo Irma, é alto - nos primeiros quatro anos, a academia levantou cerca de R$ 160 milhões para custear os salários dos formadores e dos aspirantes -, mas o resultado tem valido a pena, diz. Inicialmente, organizações não-governamentais e empresários ajudaram a pagar pelo APP, mas hoje o projeto é bancado pelo Departamento de Educação da cidade.

Dois terços dos diretores formados na NYCLA atuam como diretores das escolas mais problemáticas de Nova York. Mais da metade das escolas estão em distritos mais pobres da cidade, como o Bronx e o Brooklyn, e 75% dos alunos matriculados nas escolas destes diretores vêm de famílias de baixa renda e se qualificam para benefícios do governo como auxílio-alimentação.

FECHAMENTO DE ESCOLAS FRACASSADAS

O compromisso do chanceler municipal de Educação e do prefeito de Nova York com a melhora do sistema educacional exigiu medidas drásticas como o fechamento de escolas. "Depois que as mudanças foram feitas, mas não surtiram efeitos, o chanceler e o prefeito decidiram fechar as escolas, principalmente as escolas de ensino médio muito grandes, com mais de 2 mil alunos, e abrir várias escolas menores, começando do zero", explicou Irma.

Segundo ela, o investimento de construir uma escola do zero foi maior que manter as escolas grandes, mas em poucos anos notou-se uma melhora na taxa de aprovação dos estudantes. "Escolas com muitos alunos recebiam muito dinheiro, mas isso não trazia retorno", disse.

Outra proposta, implementada gradualmente, é a redução da burocracia na gestão escolar, para dar o diretor mais tempo de atuar junto aos professores, e apoiá-los na detecção de necessidades de melhoria no currículo e no trabalho em equipe. "Se você quer atrair os grandes líderes, você precisa dar a eles a possibilidade de terem autonomia para moverem a escola na direção que eles querem", explicou ela. Na NYCLA, os aspirantes a diretores atuam em duplas e são incentivados a fazer o mesmo com os professores, para perceber quais têm perfis de liderança e podem auxiliar na união de toda a equipe em torno dos objetivos.

BRASIL

Irma, que participou de um debate com Maria Helena Guimarães de Castro, coordenadora do núcleo de Educação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), Roseli Mori, secretária de Educação de Ferraz de Vasconcelos, Ana Paula Tavares da Silva Torres, diretora da EMEF Sara Tineue, de Ferraz de Vasconcelos, e Teca Pontual, gerente de projetos da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, disse ainda que o Brasil enfrenta problemas similares aos dos Estados Unidos, e que um plano de ação para melhorar o padrão de escolas brasileiras não seria muito distinto do que se ensina em sua academia.

Ela citou três passos principais no desenvolvimento de lideranças. Primeiro, é necessário decidir o que o diretor quer fazer na escola, o que seus professores devem saber e qual o objetivo da gestão. Depois, Irma sugere a criação de padrões para medir o sucesso do projeto. Por fim, o currículo escolar deve ser montado sob medida, com base nos dados dos estudantes e na realidade das comunidades.

Um exemplo de aproximação entre professores e pais aplicado por um dos diretores foi enviar seus docentes às casas dos alunos de suas turmas, antes do início do ano escolar. Segundo Irma, o efeito é duplamente positivo: os professores acabam conhecendo melhor a realidade de seus alunos quanto os pais passam a confiar mais na dedicação do docente.

VIOLÊNCIA NA SALA DE AULA

A união de todos os lados em torno do projeto é fundamental, de acordo com a especialista, especialmente nos casos das escolas consideradas problemáticas, com dificuldades disciplinares e péssimos índices acadêmicos. "Uma escola precisa ser segura e ordenada. Sem isso, ninguém pode ensinar, e ninguém pode aprender. O aluno precisa saber o que se espera dele, e o professor precisa conhecer seu papel", diz.

As escolas com altos índices de violência são, na opinião dela, locais que perderam o controle dos estudantes porque não lhes ofereceram nada de interessante. "Escolas perderam o controle porque as crianças vão à escola e não há nada lá que as interesse, elas não querem estar lá."

http://g1.globo.com/

Fonte: G1