26 de nov. de 2011

Jogo de cartas marcadas?

Artigo de Mariza Abreu* publicado no Jornal do Comércio (25/11/2011)

Além do prejuízo aos alunos e suas famílias, qual será o desfecho da greve dos professores deste ano? O Cpers reivindica o pagamento imediato do piso nacional, não alteração da avaliação dos professores e não implantação da reforma do Ensino Médio. O governo Tarso responde que pagará o piso ao longo de seu governo. Será que o Cpers não sabe que não há recursos para pagar o piso como vencimento básico no atual plano de carreira, o único anterior à Constituição Federal de 1988, nem agora nem até 2014, pois o piso é reajustado anualmente? A não ser que o governo Tarso também cumpra a lei federal do piso, promovendo a adequação da carreira do magistério. Será que o Cpers não pretende, então, obter do governo Tarso a suspensão das propostas da Secretaria da Educação relativas a novos critérios de avaliação dos professores para promoção na carreira e à reforma do Ensino Médio? Afinal, essas propostas não vêm obtendo apoio de escolas e professores nem de outros setores da sociedade. Será que o governo Tarso vai atender a essa reivindicação?

Será que o Cpers não pretende obter, ainda, do governo Tarso, não o imediato pagamento do piso, mas a reafirmação do compromisso com a manutenção do atual plano de carreira do magistério? Será que, enquanto isso, a entidade não mantém sua intenção de conquistar o pagamento do piso nacional na atual estrutura de carreira, inclusive dos atrasados, por meio de ações judiciais? Quanto ao corte de ponto dos grevistas anunciado pelo governo Tarso, corta-se durante a greve e paga-se ao final, numa greve que não deve durar mais de um mês, posto que no fim do ano letivo. Então, qual o prejuízo? A ameaça? Não parece atitude de pai que perdeu a autoridade diante dos filhos? Se o Cpers for vitorioso em sua estratégia de vitórias judiciais para pagamento do piso na atual carreira, o único do período do governo militar, que consequências poderão daí advir para as condições fiscais e financeiras do governo do Estado? Está nas mãos do governo Tarso construir soluções para esse imbróglio.

*Ex-secretária da Educação

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