4 de out. de 2011

Educação e sensibilidade

Post de Mary Anajara Lunardi Alves*

Hoje não podemos falar em educação sem deixarmos de falar em sensibilidade, porque, para educar eficientemente, precisamos construir conhecimentos significativos utilizando da sensibilidade, qualidade essencial para o bom desempenho de todos os profissionais.

A ciência da medicina é atualmente a que mais discute que a sua eficiência está intimamente relacionada à capacidade do profissional em transmitir confiança, segurança e a esperança. Mas, para que isto ocorra, o médico deve ouvir seu paciente com tolerância e compreensão, a fim de que seu diagnóstico seja eficiente e o tratamento eficaz. Esta premissa é divulgada por renomado cirurgião de transplante, filho de Vacaria, que nos ensina que com amor e sensibilidade, temos o dever de conduzir nossa profissão.

Seguidamente ouvimos educadores dizerem que não são psicólogos, assistentes sociais, e também não são pais de alunos, e sim professores, e que sua função é ensinar. Antigamente até poderíamos dizer isto, mas, hoje, na sociedade em que vivemos, é impossível agir ou pensarmos desta forma.

Se tivermos esta postura diante da educação, conviveremos com o fracasso, em um mundo subdesenvolvido, onde as desigualdades serão cada vez mais significativas. A forma como educamos não permite ascensão social. Pois teremos cada vez mais evasão, repetência, droga e o álcool dominando a juventude e a infância.

Devemos entrar no mundo de nossos alunos. Sabermos o que eles pensam como vivem, quais são os seus valores, o que esperam da vida. Conhecer suas angústias, seus medos, suas possibilidades e habilidades, para que possamos conquistar a sua confiança. Vivemos em um mundo que ele não conhece, mas devemos conhecer o mundo em que ele vive.

Madalena Freire nos mostra com muita clareza que esta maneira de educar não funciona; na sua experiência de alfabetizadora, nos conta de seu desafio em alfabetizar crianças de subúrbio. Todas as tentativas fracassaram, nada estimulava estas crianças; foi quando ela decidiu observar estes alunos e anotar o que realmente lhes interessavam, como viviam, quais eram seus valores. Pois, pasme, o que realmente lhes chamava a atenção era a morte. Todos tinham histórias para contar de como morreram seus familiares e na maioria das vezes assassinados. E, partindo deste interesse tétrico, ela iniciou alfabetização e mostrou que na morte tem um valor maior, que é a vida.

Partindo deste diagnóstico, ou seja, se olharmos com sensibilidade para o nosso aluno, podemos iniciar a construção do conhecimento relacionado com sua realidade, com a riqueza de possibilidades e desenvolver as suas habilidades, adquirindo as competências necessárias para o seu ingresso no mercado de trabalho com a confiança de sua ascensão social.

Somos educadores, mas também somos aprendizes, como em todas as profissões passamos a vida nos atualizando e reciclando nossos conhecimentos conforme o avanço da humanidade.

*Pedagoga e Psicopedagoga

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