11 de out. de 2011

Universidade federal é cara e não tem qualidade tanta qualidade

Clipping Folha de São Paulo

SIMON SCHWARTZMAN*

“Professores e instituição deveriam ser avaliados e ter metas para cumprir. Nada sabemos sobre as missões das novas universidades nem sobre o que será feito para que os novos professores tenham qualificações e desempenho necessários.”

O Brasil tem poucos estudantes de nível superior para o seu tamanho, 78% das matrículas são em instituições privadas e a maior parte das universidades públicas está nas capitais.

Então, o governo dá dinheiro para as universidades públicas contratarem mais professores e abrirem mais vagas e anuncia a criação de novas universidades no interior de Estados como Bahia e Pernambuco. O que pode haver de errado nisso?

Muita coisa, a começar pelo fato de que as universidades federais são muito caras e, com as exceções de sempre, não têm nem de longe a qualidade e a relevância que seria de se esperar.

Uma razão é que seus professores são contratados como funcionários públicos, nunca podem ser despedidos e recebem sempre a mesma coisa, pelo princípio da isonomia, como se dividissem seu tempo entre ensino e pesquisa - embora só uma pequena parte deles realmente faz trabalhos
de pesquisa de alguma relevância.

A segunda razão é que as universidades federais são governadas por seus professores, funcionários e estudantes, que cuidam de seus interesses e não precisam estar atentos nem responder a metas, demandas e necessidades da região em que estão, nem em relação aos cursos que oferecem, nem em relação aos trabalhos de pesquisa e extensão que realizam na instituição.

OUTROS PAÍSES

Não é assim que as universidades públicas são formadas e funcionam nos países que levam a educação superior a sério.

Nesses países, cada vez mais, as universidades têm missões claras a cumprir, seus dirigentes respondem a conselhos externos com a presença ativa de representantes do setor público e da sociedade, que zelam para que elas cumpram seus objetivos. Os professores também não são funcionários públicos, mas contratados de forma a impedir que se perpetuem nos cargos se não tiverem o desempenho esperado.

NOVAS INSTITUIÇÕES

Nada sabemos sobre as missões dessas novas universidades e cursos que estão sendo criados, sobre o que será feito para que os professores que estão sendo contratados tenham as qualificações e o desempenho necessários, nem que existam mecanismos para avaliar e corrigir os rumos das instituições que não funcionem.

Tudo indica que continuaremos tendo mais do mesmo, ou pior.

*SIMON SCHWARTZMAN é pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade e foi presidente do IBGE.

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