É o que parecemos ser, prezados leitores, um rebanho tangido por pastores que esqueceram todas as definições do que seja a arte da política, entre elas o governo da maioria, respeitada a minoria, em busca da melhora da qualidade de vida da sociedade que o sustenta com o pagamento dos tributos. Ou existe outra explicação para o silêncio dos cidadãos (e da imprensa acomodada pelas verbas publicitárias oficiais) ante o descalabro verificado na realização do Orçamento de 2011? Dos R$ 33 bilhões da lei, foram investidos apenas R$ 543.3 milhões, o que representa cerca de 1.6% dos recursos votados e aprovados pelos governantes para receitas e despesas no ano passado. O montante corresponde a menos da metade do R$ 1.2 bilhão verificado no Orçamento de 2010. Onde foi pa rar o grosso do dinheiro, do qual não vimos a cor na saúde, na educação e no transporte, áreas prioritárias da administração pública?
Como na crônica da morte anunciada, do livro de Garcia Marquez, o resultado não poderia ser outro quando salários e aposentadorias de funcionários consomem 80% do que entra no Tesouro, e o pagamento e serviço da dívida pública outros 14%, restando 6% para o custeio da máquina e para investimentos em benefício da cidadania. Estes, que são a razão de ser dos governos, estão em inaceitável último lugar. No entanto, não se ouve nem um balido a respeito, como se concordássemos com a realidade miserável. Aliás, não se espantem se alguém associar de alguma forma a quantia a pau e corda investida com os R$ 500 milhões estimados para o déficit nas contas públicas de 2011. Alguma coisa vai mudar no Orçamento deste ano, inflado em irreais R$ 40 bilhões? Dona Yeda bem que tentou, a seu modo, e acabou em terceiro na eleição de governador. Esperem sentados – e mudos, à feição da hipocrisia e do egoísmo que substituíram valores respeitados no passado.
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